André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Telepatia

 

Estou distante mais da turbamulta
Mas um tumulto ronda minha mente
Que meu sorriso frio quase o oculta
Na minha face distraidamente...

E sem escutar a minha mente ausculta
Um turbilhão das vozes de repente
Movendo átomos meu tempo insulta
Num sopro ao coração que se ressente...

Se fundem ingênuas, puras: voz inculta
Que ignora as regras totalmente
Mas que talvez dos fardos se resulta
Num grito mudo de socorro ausente...

Às vezes vem de longe em catapulta
Chegando com um fogo incandescente
Trazendo a dor da vida inconsulta
Em um sorriso amargo não se mente...

Meu coração e a mente numa luta
Batalhas travam invisivelmente
E numa vírgula essa disputa
Decide-se irremediavelmente...

Então, da turbamulta indiferente
O sentimento mais e mais avulta
Que minha boca sente o sal da lente
No pranto à compaixão absoluta...

 

 
 
Poema publicado no livro "E por falar em saudade..."- Edição Especial - Abril de 2017