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Maria José Zanini Tauil
Quem vai pegar o morto? Essa será a última partida no jogo da nossa vida. Deixemos as cartas espalhadas sobre a mesa. Elas podem esperar... nós, não. Dentre amargas esperanças acorrentadas, esqueço que em outras jogadas em que venci, não logrei a recompensa, que sei, mereci. Não lamento nada, não espero nada. Tudo que acontecerá, está escrito naquele livro imenso que o vento da eternidade folheia ao acaso. As antigas horas de extáticas contemplações são sempre lembradas, mesmo se os olhos não veem, pois o pensamento consegue voar, nas formas, nas cores e nas luzes do caleidoscópio que foi a nossa vida. O coração sente, a cabeça fantasia utopias e as asas brotam em mim. O corpo flutua e percebe a beleza de ver e sentir além. Será meu grande e derradeiro voo. Acho que já disse tudo, mas creio que, como sempre, não entendeste nada. Era meu propósito deixar incógnitas para que decifres. Vem, toma meu corpo agora. Essa é nossa última viagem, nossa inesquecível noite. Ali na mesa , as cartas nos esperam para a última partida, onde, certamente, pegarás o morto,farás muitas canastras, baterás o jogo. Levarei tudo o que me pertence, mas te deixo o baralho. Acho que, em cada carta, encontrarás a resposta para os teus inúteis questionamentos. Só lembra que uma dama fica sempre entre um rei e um valete.
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Conto
publicado no livro Quem vai pegar o morto?" - Fevereiro de 2016
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