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Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS

 

O amor e suas diferentes vozes

        Tatiana era uma linda jovem. Exuberante, cabelos loiros, olhos azuis, sorriso largo e uma alegria de viver que extrapolava todo seu ser.
        Pretendentes tinham vários, mas não se interessava por ninguém em especial, até que um dia conheceu Ronaldo. Era um rapaz alto, magro, cabelos escuros, pele clara e um sorriso com um ar de debochado. Os olhos escuros e sem a doçura do sorriso dela.
      Foi um encontro decisivo que ocorreu em casa de familiares dela e foi o bastante para que ele não saísse mais dos seus pensamentos.
      Começaram a namorar. Ambos se mostraram muito ciumentos. É o amor diziam alguns. Imaturidade, pensavam outros. A verdade é que estavam apaixonados, mas não sabiam lidar com a insegurança, embora não fossem adolescentes de quinze anos. Ela tinha dezoito e ele vinte e um.
     Como consequência do amor e do desejo. Ela engravidou e eles casaram. Quem pensa que filhos são suficientes para trazer maturidade, engana-se. Ela vem com o tempo, com o sofrimento e as dificuldades.
        Ela seguiu cursando a faculdade, trabalhando, cuidando casa, do bebê e ele queria levar a vida de solteiro, ou seja, ir para a balada sem dia específico e aos jogos de futebol. Nestas ocasiões bebia saía com garotas e não faltava nunca quem visse e viesse contar à Tatiana que explodia e eles tinham grandes discussões. Isso a deixava infeliz e zangada e ele achando que era incompreendido, já que era jovem e tinha o direito de se divertir. Apesar de dizerem se amar eles viviam uma separação a cada briga. Ela ia para a casa da mãe e ele vinha buscá-la chorando e pedindo perdão, que ela, obviamente concedia e eles retornavam para casa a fim de viver seu conto de fadas mais alguns dias até que tudo se repetisse. Esta situação durou cerca de cinco anos, até que um dia a voz da razão soou mais forte e eles se separaram de vez. Ela saiu de casa com a filha cujo sofrimento era maior do que o dos dois, embora o amor cego que Tatiana sentisse por Ronaldo não a tivesse deixado perceber isso antes.
        Algum tempo depois ele casou com outra pessoa, mais velha que ele, mais madura e que em nome do amor que sente por ele lida de modo diferente com as atitudes dele, fazendo que não sabe, não vê, não acredita. Formam uma família feliz com o outro filho que eles tiveram.
          

 

 

 
 
Conto publicado no livro Quem vai pegar o morto?" - Fevereiro de 2016