Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

 

Em nome de Jesus

 

           

O rapaz herdou o comércio do pai; tornou-se responsável pela família e, o que é pior, herdou também as pragas de quem pede e não pode ser atendido.
A mulher entrou na loja, postura de humildade, falou que conhecia o pai de Mizinho, que gostava muito dele e de sua esposa, que fora sua professora. Fez algumas profecias, disse-lhe que a vida estava difícil, aconselhou-o a tomar cuidado com os bandidos, despediu-se e foi embora. Voltou uma outra vez com as mesmas conversas e retirou-se.
Na terceira vez, já com o caminho preparado, pensou lá com seus botões e jogou a pérola: - "Garoto, você pode me dar um gomo daquela linguiça?" E o jovem respondeu-lhe que não, que como ela mesma havia dito, a situação andava crítica. Pois bem, a humildade da mulher desapareceu instantaneamente, dando lugar à arrogância e a uma grande falta de educação. Fez-lhe então um sinal, como se portasse uma arma, um fuzil talvez e, apontando para ele, disparou-lhe uma praga: -"Você vai acabar como seu pai, doente, em cima de uma cama!" E saiu amaldiçoando o local.
O jovem comerciante ficou pensativo e contou o fato para a sua mãe, que lhe disse: -"Filho, quem tem Deus, não tem medo de assombração, praga ou maldição. Quando isso acontecer, faça o sinal da cruz e diga: Eu repreendo, em nome de Jesus, todo o mal que me foi desejado."
Quem pede o mal para os outros está com o coração repleto de sentimentos ruins, nefastos, que só trazem malefícios para si próprio.
A doença não é castigo; é uma consequência da vida, portanto ninguém deve acreditar em punição ou coisa parecida.
É muito certo aquele velho ditado: "Quem deseja mal a seu vizinho, o seu vem logo a caminho."

 

 
 
Poema publicado no livro "Pé de pato, mangalô, três vezes!!!"- Edição Especial - Junho de 2017