Psicologia das massas
Gustave
Le Bon foi sociólogo, autor de várias obras nas quais
expôs suas teorias sobre comportamento de manada – a Psicologia
de Massas - que vieram, posteriormente, a servir de escora aos princípios
modernos da publicidade e do marketing.
O estudo, principalmente da questão do “contágio
social”, é de importância fundamental para escritores
pois que permite o entendimento de como as ideias são absorvidas
pelo leitor e como podem contagiar o seu universo pessoal.
"Uma
nação sem ideal desaparece
rapidamente da história."
Gustave Le Bon
Psicologia
das massas
O
estudo da Psicologia das Massas foi feito pela primeira vez por Gustave
Le Bon, em 1886, e serviu de âncora para estudos complementares
de Freud (1856 / 1939), e que resultou no livro A Psicologia das Massas
e a Análise do Eu (1929).
...
Dentre os fatores que determinam as opiniões e crenças
de um indivíduo, grupo ou nação, vamos nos ater
às imagens, palavras, fórmulas, ilusões, experiência
e razão.
Imagens,
palavras e fórmulas
O poder da palavra é impressionante. As palavras evocam imagens,
que variam conforme a idade das pessoas e de povo para povo.
Certas palavras estão associadas a imagens que agem como o botão
de uma campainha elétrica. Mas não são todas as
palavras que provocam imagens e sim algumas, como por exemplo, república,
liberdade, pátria, democracia, cujas definições
são muito longas fazendo com que cada uma tenha a sua própria
explicação.
A razão e argumentos são incapazes de combater certas
palavras e fórmulas.
Assim, a ideia de república dos romanos, que possuíam
escravos e uma aristocracia que dominava o poder, não é
a mesma de hoje. A palavra pátria variou muito desde os espartanos
e atenienses até hoje.
Foram os romanos que unindo os gauleses através de uma única
religião, constituíram uma unidade política na
Gália.
O conceito de democracia não é o mesmo dos ingleses. Para
nós, democracia significa que o indivíduo está
subordinado ao Estado e que o Estado deve tomar todas as medidas para
a população. Para os ingleses é ao contrário,
a democracia significa que o Estado está subordinado ao indivíduo
e que alguns serviços como segurança, forças armadas,
relações diplomáticas pertencem ao Estado e o resto
tudo pode ser feito pelo indivíduo.
"Em
muitas pessoas a palavra
antecede o pensamento, sabem
apenas o que pensam depois
de terem ouvido o que dizem."
Gustave Le Bon
Ilusões
As civilizações sempre foram impulsionadas por ilusões
(usamos o termo “ilusão” para explicitar a consciência
de “verdades” não comprovadas cientificamente). Quantos
templos estátuas e altares foram construídos por todas
as classes sociais. Na idade média se construíram mais
de 26mil igrejas e conventos em menos de 150anos. Em pleno século
XXI, ainda se constroem muitos templos com o propósito de consolidar
crenças já existentes ou permitir o surgimento de outras.
Experiência
Existem numerosas experiências sociais de um passado recente ou
não, e que subsidiam a formação ou manutenção
de crenças políticas, religiosas etc.
Razão
As multidões nunca usaram a razão e sim a emoção.
As leis da lógica não se aplicam às multidões.
Líderes das multidões
Os líderes estão presentes em todos os momentos históricos
da humanidade. Eles servem como guias. Grandes homens como o apóstolo
Paulo, Lutero, Maomé, Cristóvão Colombo, Ferdinand
Lesseps e Garibaldi exerceram a sua liderança. Em todas as esferas
sociais da mais alta à mais baixa são (como sempre foram
e serão) influenciadas pelos líderes. Isso é absolutamente
inevitável.
Os meios de ação dos líderes são, basicamente,
a afirmação, a repetição e o contágio.
Afirmação
A afirmação tem que ser simples e concisa e tem influência
quando a mesma é repetida continuamente. A repetição
continua fixa na mente e é aceita finalmente como se fosse verdade.
Isto era muito usado pelo ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebells
que dizia que uma mentira dita mil vezes virava verdade.
A ideia da afirmação é usada nas propagandas continuamente
pelos jornais, rádios e televisões. As afirmações
são repetidas tantas vezes, que acabamos esquecendo quem foi
o autor das mesmas e passamos a acreditar nelas.
O contágio é muito importante, pois as ideias, sentimentos,
emoções e crenças produzem um contágio intenso
nas multidões como se fossem micróbios.
“Dize-me com quem andas e eu direi quem és”, falavam
nossos pais, pois isto é verdade. O contato com as pessoas traz
influências uma nas outras pelo contágio.
As opiniões e crenças das multidões são
propagadas por contágio e não pela razão.
O contagio é uma força tão importante que mesmos
os sentimentos pessoais desaparecem sob a ação do mesmo.
Prestígio
O prestígio é uma força misteriosa que se adquire
através da afirmação, repetição e
contágio. Ele é obtido através sentimentos de admiração
e medo. Todos nós consideramos indiscutivelmente o prestígio
de Alexandre, o grande,
Julio César, Maomé, Buda, por exemplo.
O prestígio exerce uma dominação nas nossas mentes
e podem ser individuais, uma idéia ou uma obra.
O prestígio pode ser pessoal ou adquirido. O prestígio
pessoal de grandes lideres como Buda, Maomé, Joana D’Arc
e Napoleão são indiscutíveis. O prestigio adquirido
é dado pelo título, dinheiro e reputação.
Quem ousa discutir o prestígio do Partenon de Atenas na Grécia
e tem coragem de criticar um livro aborrecido como a Odisséia
de Homero. Devido ao prestígio ninguém discute os valores
das mesmas. Quem tem coragem de criticar o quadro da Mona Lisa de Leonardo
da
Vinci?
Imitação
Um outro fenômeno social importante é a imitação,
onde independente da classe social o homem é influenciado. A
imitação é uma regra inconsciente que todos seguem.
Como exemplo, temos os estilos de pintura, como a moderna e livros,
como os de ficção etc onde as pessoas que imitam acabam
adquirindo um grande prestígio.
A queda do prestígio provoca nas pessoas a destruição
do herói e o mesmo não é mais admitido. Robespierre
quando por poucos votos, perdeu o seu poder, foi logo guilhotinado,
pois perdeu o seu prestígio imediatamente.
De modo geral as multidões quebram as estátuas de seus
lideres quando acabam o seu prestígio. É o que aconteceu
com Stalin e Sadan Hussein. As estátuas são ídolos
e eles são sempre derrubados.
Crenças
permanentes e transitórias
As opiniões e crenças das multidões podem ser divididas
em duas classes: as crenças permanentes e as transitórias.
Os romanos antigos tinham uma crença fanática no culto
a Roma e acreditavam que eram os senhores do mundo. Quando essa crença
acabou, caiu o império romano.Assim acontece com as grandes nações.
Os americanos de hoje possuem a mesma crença dos romanos antigos.
A crença para ser estabelecida por uma nação pode
ser falsa, mas pode ser imposta para todas as classes sociais e aceita
pelas pessoas mais inteligentes. Observe que grandes gênios como
Newton, Galileu e Leibnitz não discutiram as crenças das
suas épocas, sendo as mesmas aceitas pelos mesmos.
Ainda hoje existem pessoas que têm a crença num socialismo
utópico de eterna felicidade, embora já tivéssemos
os exemplos, da Rússia e da Alemanha Comunista, onde não
houve esta felicidade.
"Dominam-se
mais facilmente os
povos excitando as suas paixões do
que cuidando dos seus interesses."
Gustave Le Bom
Mudanças de opiniões das multidões
As multidões podem ser homogêneas ou heterogêneas.
As multidões homogêneas são as religiões,
os partidos políticos etc. As heterogêneas podem ser de
dois tipos: multidão anônima, como o povo da rua, ou multidão
não anônima escolhida por um tribunal de júri, uma
assembléia, um parlamento etc.
Seja lá do tipo de for, multidão muda constantemente de
crenças, tanto na parte política como religiosa.
Um bom exemplo é o que aconteceu na França durante a revolução
no período de somente 30 anos. de 1790 a 1820. O povo era católico
e com a revolução virou ateu, como Voltaire e outros.
Depois virou deísta, isto é, só acreditavam em
Deus, e no fim voltou a ser católico novamente. Quem lê
detalhadamente a revolução francesa
verifica a mudança das crenças em tão pouco tempo.
Os artistas, escritores são constantemente trocados de valores.
A diferença de opiniões se deve a três diferentes
razões: velhas crenças, extrema mobilidade das crenças
e os jornais, televisão, rádios etc.
Leia
também nosso artigo "Marketing Pessoal para escritores"
e veja, na prática, como a tese de Le Bon é aplicada para
projetar novas imagens, consolidar antigas, para obter ganho adicional
de prestígio na sua vida pessoal e profissional.
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