Maria Rita de Miranda
São Sebastião do Paraíso / MG

 

 

Dessa me livrei

 

          Quando eu era criança, mamãe me corrigia dando-me algumas chineladas no traseiro.
          Certo dia, cansada do trabalho rotineiro e no meio à algazarra minha e do meu irmão, gritou para papai:
          -Ei, Zé! Hoje é você que vai corrigir o Ricardo. Pegue o chinelo.
          Meu pai calmamente pegou o objeto da tortura e me disse: - Já para o quarto!
          Lá me sussurrou: - vou bater o chinelo na cama. A cada chinelada, você grita.
          Assim foi: Pam! E eu:- Aaaai! Pam! Aai!  Isso se repetiu  algumas vezes. Fiz até o favor de fingir que estava chorando.
          Saí do quarto 'emburrado' com meu pai atrás de mim.
          Olhei,  com cada de choro, para mamãe que ainda estava muito séria. Em seguida, virei para o papai que me deu uma piscadela marota.

 

 

 

 

 
Poema publicado no livro "Muito moinho pra pouco Quixote" - Contos - fevereiro de 2018