Neri França Fornari Bocchese
Pato Branco / PR

 

 

Brasília e seus moinhos de vento

 

Um vislumbre para alguns brasileiros. Um sonho a ser conquistado custe o que custar.  Porém, como o Dom Quixote espanhol,  aqui no Brasil, precisa aparecer quem  combata os que agem como se ao rezarem  o Pai Nosso, em vez de proferirem “Venha a nós o Vosso Reino” , dizem com convicção: venha a mim o vosso reino.
Alguns cidadãos desse país: “Abençoado por Deus, bonito por natureza” entre eles, uma boa parcela dos políticos brasileiros imaginam-se Donos do Mundo, onde só quem tem um Gabinete no Congresso Nacional ou na Câmara dos Senadores são os Senhores dos Privilégios. São os Senhores da Verdade.  E essa é absoluta. Claro que entre eles estão incluídos todos os compadres, comadres, parentes e amigos.
 São todos “amigos do Peito” que até existe para eles, o Sumo Bem, usado em qualquer realidade. Até uma Lei especial aprovaram, a chamada: Imunidade Parlamentar. Pena que não se possa ainda estendê-la aos amigos e familiares. Quem sabe um dia...
Se a consciência estivesse limpa, se dormir fosse tranquilo, fosse depois de um dia exaustivo de trabalho deitar a cabeça no travesseiro  e descansar, não precisariam dessa Lei e de outras tantas que os protegem.
Munidos pela imaginação de serem senhores absolutos, afinal estão lá, foram eleitos, pelo poder do Voto do Povo Brasileiro.
A Democracia que os elegeu foi só na urna, ainda quando essa, se pensa que não seja adulterada, pois há tantos mecanismos  na matemática de contagem de votos que sempre  é fácil conseguir vantagens quando se quer.
Depois de eleitos, juramento à Constituição passa ser o juramento à minha vontade e, essa é toda soberana. A Democracia fica por ali mesmo, só será despertada quando houver as próximas eleições.
Pensa-se que Dom Quixote foi uma figura de tempos idos, mas a história se repete. Os Moinhos de Vento estão espalhados fora das cercanias da Península Ibérica. Precisam ser combatidos com alguém que tenha coragem e arrume um fiel Escudeiro.
Na memória da Humanidade, Dom Quixote, ficou como um verdadeiro herói, corajoso o suficiente para procurar tornar a sua fantasia de combater o mal em uma realidade daquele tempo, mas que precisa outra vez retornar a contemporaneidade. Poderá surgir nos dias de hoje outra figura que tenha vontade de combater as ilusões que não só parecem reais. Que atrapalham a vida de muitos, de todo um povo Altaneiro e Trabalhador.
Para o Brasil, será preciso um Dom Quixote, multiplicado em muitos. Que tentem combater os desmandos instalados, institucionalizados. Quem terá a coragem de ser um Dom Quixote brasileiro e combater os Moinhos de Ventos do Planalto Central? E, de outras localidades? Esses são bem existenciais, pois alguns já estão em processos de petrificação. Não há uma renovação política. Essa se faz uma das causas de tantos desmandos e, falta patriotismo. De falta de honestidade. Esqueceu-se o Mandamento : “Não Roubar”.
Para os seus amigos, Dom Alonso Quijano, deixa a lembrança de que teve uma vida cheia de bondade e dignidade, apesar de sua loucura. Sofreu uma morte natural e, ficou na memória como um verdadeiro herói, corajoso o suficiente para procurar tornar sua fantasia uma realidade. Realidade necessária.
Para a posteridade Dom Quixote e, Sancho Pança, o seu escudeiro, que no início foi realista. Também quis receber as benesses de seu superior.  Dom Alonso, deixou um exemplo de que é preciso combater. Seja o combate do que apenas povoa o imaginário, bem como, daquilo que faz parte do cotidiano e, está atrapalhando, está dificultando o Bem Comum.
O Bem Viver é para todos os brasileiros e, não apenas para uma parcela do povo. O direito de cidadania, não faz exclusões.

A condição é ter nascido na Bela Pátria Brasileira!

 

 

  

 

 

 
Poema publicado no livro "Muito moinho pra pouco Quixote" - Contos - fevereiro de 2018