José Faria Nunes
Caçu / GO

 

 

Candelabro entre as estrelas

 

Cada qual tem suas estrelas. Primeiro uma,
depois outra, e mais outra, diversas delas.
Pronto: já se tem uma constelação. Como cada qual
eu também tenho a minha. E pergunto-me:
qual minha primeira estrela? Minha mãe? Meu pai?
A primeira professora? Ou as madrinhas
que me ampararam nas horas de maiores dúvidas
e incertezas? Qual delas brilha mais?
Qual a intensidade do brilho de cada  uma
de minhas estrelas? Depende de quando
e como as observo. Depende do referencial
em que me instalo e do ângulo de minhas observações.
Entre as estrelas de carinho e amor, por certo
encontram-se na ordem a mim dispostas
pelo Deus cronos. Acima, as estrelas de meu alvorecer.
Na sequência, outras atraíram meu olhar, ainda que
perdurasse o brilho das primeiras. Outros astros
brindaram-me com sua luz. Luz do intelecto,
a fermentar-me a alma para a levedura de meus versos
vida afora. Na sequência, Acácio de Paiva, o norte
do alvorecer inicial de meu magistério na roça.
Seguiram-se Ataualpa, o poeta de primeira hora
que incrustou-me no cérebro o gosto de poetar.
Outras estrelas mais se sucederam: Martiniano,
Zé Mendonça, o mano Gilberto, Aidenor, Miguel,
J. Veiga, Bernardo Élis, Basileu, Coelho Vaz, Adelice,
Bariani, Anatole, Eli, Luiz Fernando, Adorno... Pequeno
o zodíaco para enumeração de minhas estrelas todas
e no entremeio delas, quantas delas? atrevo-me
a acender meu candelabro nas terras da Água Fria.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Raízes donde brotam meus versos" - Junho de 2019