Maria José Zanini Tauil
Dura realidade Acordei... senti então que o tempo passou e com ele, a vida, pois sonhos se dissiparam. A corda que nos sustentava se rompeu, as hastes se curvaram e derrubaram flores soberbas... Delirantes sentimentos desnudaram os nossos desejos. Tudo que esperava era sonho no Houve tempo em que encontrei o olhar extático da sorridente aurora. Os nossos olhos sintonizados buscavam o mesmo horizonte, de onde vinha um perfume a nos envolver, de sândalo e verbenas. Roçavas em mim a tua cabeleira gris e beijavas minha pele de maçã madura com rara e singular doçura, cercando minhas emoções, minhas ânsias e apelos, estremecendo meu corpo inteiro. Por todo o tempo, teu corpo foi a minha única paisagem, como vindimas em repouso, asas molhadas e pés enxutos. Pastoreei tua pele na hora propícia feita de auroras e declínios, onde te brindei com a minha iniciação. Eu sei, prometi que o amor me livraria de chegar ao fim do caminho, de chegar ao fim do corpo,de chegar ao fim da claridade. Jurei que seria como leitura inacabada para ti...sem sombras; que seria pele e pergaminho, onde escreverias a nossa história. Mas para isso, meu querido, precisávamos nos encontrar na encruzilhada do corpo e da alma...e isso jamais aconteceu.
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Poema
publicado na "Seleta de Contos de Autores Premiados"-
Edição Especial - Janeiro de 2017 |
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