Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS

 

 

Quebrando tabus

 

Quando pequena, sem autonomia
Tudo era determinado pela mãe e pai.
Assim, vaidades eram proibidas.
Cabelos curtinhos, mais higiênico,
Franja  cortada para não atrapalhar  tarefas,
Criança não pinta unha,
Adolescente não  use salto.
Namorados não  saem sozinhos,
Moça  de família tem que obedecer as normas.
Mulher  casada usa cabelo curto.
Conjunto de regras de uma época do século  passado.
Não  digo minha época,
Pois minha época também é agora
Que tenho parelha de seis como idade,
nunca mais usei o cabelo curto desde os dezesseis.
Trabalhei para me sustentar  desde os dezessete,
Eduquei quatro filhos ensinando as mulheres a
Não  dependerem do marido,
Todas têm dois cursos superiores,
E se não me submeti às regras ditadas outrora,
não o faço também  agora.
Viúva, cabelo na cintura,
não  quero morar com ninguém,
não faço mais comida,
não tenho hora de dormir,
muito menos  de acordar .
Tenho orgulho de minha trajetória
Pessoal e profissional.
Exercito, diariamente, a gratidão ,
Mesmo com as perdas que tive.
Aceitação,  tolerância, amor
São  essenciais para viver  em paz.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos nossos que vencem as Severinas" - Março de 2018