Tânia Mára Souza Guimarães
Uberaba / MG

 

Sem hora...

 

Não me chameis Senhora, pois não me sinto nada Cem!
Sinto-me, na verdade, sem: Sem forças, Sem ânimo, Sem jeito.
A propósito, nesta última instância, sinto-me até mesmo:
Sem Hora!
E nestas horas, embora sem hora... quedo-me a pensar por um momento.
Penso no meu sentimento, penso no que sou, no que eu era,
no que fui...
Gostaria até de poder ir mais além, mas... às custas de quem?
Vale a pena? Será? Que pena...! Que sina...! Que desatino!
Não sou mais como um menino que podia correr para um colo
Sem necessitar se jogar ao solo: rude, seco e deserto!!!
Sou eu sim, agora crescida, Senhora.
Correndo muito atrás da vida, e por isso, sem hora.
Queria então voltar, me encolher. Me entreter. Me deter.
Sem preconceitos. Uma boneca embalada ao peito.
Menina de novo. Passarinho no ovo...
Voltar ao ventre, contente e me deter, e me esconder,
Pelo menos até que o vento, em seu descontentamento,
Deixe de ser tempestade como essa que minha alma invade...
Ah! Quem me dera!?
Contudo, enquanto há mundo e enquanto estou no mundo,
Há uma necessidade que me desperta
E um grito lá dentro que me alerta: dentro de mim!
E, faz-me assim: Não, Senhora! Dona de nada! Sem hora.
Movida por outras vidas, em favor de muitas vidas!
A favor do vento, contra o tempo!
E, só me resta ir... rir sem sorrir...  viver, ainda que sem querer
Construir o “por quê” sorrir.
Afinal, TUDO passa, e a minha alma é pura raça!!!
Não posso parar, não devo me calar. Preciso ser, e viver!
Uma Senhora, embora sem hora, falando pra o meu coração:
Dias melhores virão!!!
Pronto... Pelo menos por enquanto! Adeus... Adeus... A Deus!!!

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos nossos que vencem as Severinas" - Março de 2018