Lucio Carlos Honorato
Macaé / RJ

 

 

Quando é maior que o amor


                     

           

              Passava um pouco das cinco da tarde. Dona Ermelinda, uma idosa de 85 anos, acabara de ser sepultada. Causa mortis: Covid 19, a mesma que matou, havia duas semanas, o seu marido, Otávio Sarmento, de 88. Na saída do cemitério, o filho Delmiro recebia os pêsames das duas únicas amigas presentes no enterro. Essas ainda comentavam:
              - ... não entendo por que ela não foi vacinada... Eu mesmo me ofereci diversas vezes para levá-la no Posto mas ela não quis...
              E Delmiro, falando entre os dentes, justificou com sua arrogante soberba:
              - Eu não acredito nessas vacinas, muito menos nessa chinesa... Fui eu quem recomendou que ela não cedesse a essa idiotice comunista. Eu fiz a minha parte! - empinou o nariz e se retirou com ares de "vitorioso".
              As amigas se olharam, suspiraram, deram meia-volta e se foram.
              - Não adianta, Alzira, a burrice dele é maior que o amor...


 




Conto publicado no livro: "Sortilégios"- Edição 2021
Fevereiro de 2022

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