Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

Naquela parada

 


             A caminho de Ouro Preto, naquela que é dos Inconfidentes a rodovia, uma parada existe: a “Parada do Pastel de Angu Jeca-tatu”, onde tudo se compra e tudo se vende.
             Na feérica atmosfera do lugar, num dos mirantes de lá, o Cristo, de braços abertos acolhe a todos...indistintamente.
             A Parada é parada no tempo, mas engajada no futuro. Ali tudo é velho, empoeirado pela poeira da estrada e também pela poeira do tempo, lentamente acumulada. Poesia em pó...
             Ali, onde tudo é velho, paradoxalmente sempre algo novo encontramos cada vez que lá paramos. Tudo ali é velho! Até a lembrança de um tempo por nós vivido (ou não). Dá vontade de ficar parado no tempo, como as coisas de lá.
             Local onde certamente, além de comer os deliciosos pastéis de angu (coma sem pressa, que o “trem é bão dimais!”), você faz um passeio pelo passado, em imagens subjetivas da vida, naquele verdadeiro Museu e Arte a céu aberto.
             Na jardineira escolar norte-americana desgastada pelo uso e pelo tempo, um Museu-biblioteca-Biblioteca-museu.
             Por toda parte, discos de vinil. No chão... paredes... teto... são as toalhas das mesas... os porta-copos... como estrelas nas constelações do céu e da alma. O cheiro nos olhos... na boca... E estranhas fragrâncias no ar, adentram nas nossas narinas, para que sintamos o gosto do passado...
Lugar para a gente visitar sem ter pressa de ir embora. Diferentemente do tempo que se esvai sem que queiramos, inexoravelmente...
             O tempo passa, mas a lembrança ficará eternamente na alma, após esse nosso transporte para uma outra dimensão.
             Ali se reúnem as antiguidades de todos os tipos e qualidades, em meio à incrível e bela poluição visual. É o ponto de encontro delas, que, após percorrerem o mundo, aqui se encontram, param, e... ficam sob o olhar atento do Mestre Leonardo (idealizador, proprietário do lugar e poeta de marca maior, carinhosamente mais conhecido na região como “Jeca”), sempre recebendo a todos gentilmente.
              Livros... discos... radiolas... televisões... geladeiras... rádios... lambretas... pôster... ventilador... revistas velhas... fogão a lenha... relógios antigos, parados no tempo... O que a mente imaginar novamente, o “Jeca-tatu” tem!
             Tudo isso e muito mais, você encontra neste antiquário e museu, atualmente denominado “Jeca-tatu-Museu e Arte”, também conhecido como “Museu Jeca-tatu”, ou simplesmente “Museu do Jeca”, que é uma parada obrigatória à margem da Rodovia dos Inconfidentes, entre Itabirito e Ouro Preto, poucos quilômetros após a rodoviária, lado direito.

Vá devagar...e... PARE.
Seu coração agradecerá.

 

 




Conto publicado no livro: "Sortilégios"- Edição 2021
Fevereiro de 2022

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