José Faria Nunes
Caçu / GO

 

 

A dor da saudade

 

Dói-me essa dor sem saber o que mais dói:
se a dor da perca ou se a convivência com a dor
por ela sofrida nas últimas horas.

Dói-me lembrar a dor da companheira de sempre
que estivesse por perto. Agonizante ela mal gemia:
(13.54 mg de creatinina, atestou o exame de sangue).

Na memória o reviver da imagem: Se eu saísse e olhasse
para trás lá estava ela junto à porta de vidro como se a
perguntar-me: “Por que não me levas contigo?
Já que não me levas, diga-me: quando pretendes voltar?
Vê se não demora!”

Quando de minha chegada vinha-me ao encontro a abanar
o quase nada de cauda cortado ainda filhote.

(Crueldade cortar o rabo de animais por mero
deleite da vaidade da moda do instante!)

Lavava-me as mãos e os pés como se a purificar-me
com sua saliva de boas vindas! Expressões e gestos
de alegria como se a sorrir e dissesse: “obrigada por
lembrares te de voltar para minha alegria, felicidade
por me permitir velar-te por todo o sempre: dar-te-ia
a vida se preciso fosse apenas pelo desfrute
da companhia nos melhores momentos”.

De sobra, a imagem dela em meus braços
para a última morada e a dor dorida da saudade.

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Só por amor" - Abril de 2018