Carolina Mascarenhas Chavier
São Paulo / SP
(Des)Encontros
Vão-se os anos na memória que já falha,
E a ventura do encontro qual navalha
na cortante negação ao sentimento,
Fez do erro a sentença anunciada
pelo tempo esquecida e executada
Alquebrando no espírito o alento.
Ai que o não, disfarçado de querer
Proferido na firmeza do saber
Que do erro nunca o acerto há de vir.
E a vontade respeitada com tristeza
Faz do não, de quem ouve, a certeza
Que o desejo e o querer não vão surgir.
Um crescente de tristeza já aflora
Onde antes a certeza fez por hora
Com que a mente declinasse do desejo
De entregar-se totalmente, corpo e alma
Sem pudor, sem remorso e já sem calma
À doçura imaculada de um beijo.
E os olhos que se fitam ternamente
Entre o pânico e a vontade lentamente
Já respondem a quem sofre essa questão
E a prova da aliança é selada
Com o roubo do anel concretizada
Que é mantido no lugar do coração.
Quis do tempo que o passado retornasse
Quis da vida que a Fortuna me alcançasse
Com a chance de encontrar-te novamente
E no encontro entre o tempo e o espaço
Na candura delicada de um abraço
Que deixou-me esse desejo tão latente.
Vão-se os anos na memória que já falha
E a constância do desejo em batalha
Com a perda do direito de querer
Põe os sonhos no lugar a que pertencem
Nas alturas intocáveis e fenecem
Nessa ânsia de viver e não poder.
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