Wagner Gomes
Caçu / GO

 

 

Ubuntuzados

 


Não vi quando Madalena furtou o suspiro,
mas vi quando caiu de repente a pétala
madura da rosa satúrnica.
Na esquina da esquerda
vi quando Luiza roubou o sinal!
Vi também quando o inocente taxista
passou direto e não parou.
Ainda bem que o sinal estava aberto!
Madalena que horas atrás furtara o suspiro,
dispara correndo sem fôlego,
pois a pétala que já estava madura
agora começa morrer, de desgosto.
Luiza, estrangulada de culpas por haver roubado o sinal,
aguarda na esquina direita por um táxi.
Mas o taxista, muito esbaforido, nem a viu!
O coitado levava no banco de trás a rosa satúrnica
faltando uma pétala que havia caído minutos antes,
após Madalena haver furtado o suspiro.

Ninguém sabe na verdade o que ocorreu
entre a esquina direita e a esquina esquerda,
pois quando a lua chegou com o alarme ligado,
o sinal fechou e ela não pôde passar.
Bendita hora essa em que chegou Ana Rita,
que nada viu, não sabia de nada,
e quando perguntada sorriu,
deu um suspiro, colheu uma rosa
que fugia pela grade,
viu o sinal aberto e foi embora.

 

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Poema publicado no livro "Ubuntu - eu sou porque nós somos"
Edição 2020 - Dezembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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