José Faria Nunes
Caçu / GO

 

 

Ser mais, mais Ser

 


Se cônscio de si,
de corpo e mente, o poeta
quer o que não tem
e ser o que não é. 
Se já o tem e é, por que 
há de mais querer? 
A máxima vale tanto quanto
para o amor. 
Ao já ter e ser, não mais 
há o que buscar. 

O poeta busca no tempo 
e espaço a completude 
de ser. No inconsciente
sabe da finitude do corpo.
Ao ter ciência da própria
finitude busca eternidade. 

A própria vida 
não lhe basta. 
Curta demais se criado foi 
para todo o sempre
para os séculos dos séculos

Por do pó ter se erigido
e ao pó ter que tornar, 
daí a incessante busca: até
que se assegure a vida 
em outra vida que há de
vir. E após, em outra,
em outra, e mais outra, 
até o vislumbrar 
da geração que lhe há
de assegurar a eterna 
reincidência do ciclo 
infinito do existir.

Onde meio há de o poeta
encontrar a infinitude?
Por certo no contrário
do próprio ser. 
Na incessante busca,
nas antíteses do que é
há de encontrar a síntese 
desejável à completude 
do próprio ser. Nos 
extremos, nos opostos, 
há de aperfeiçoar
em corpo e alma 
do desejável amanhã 
o que deixou de ser e ter.
Assim se completa 
a essência do existir:
Ser mais e mais Ser.

 

 



Poema publicado no livro "Ubuntu - eu sou porque nós somos"
Edição 2020 - Dezembro de 2020

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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