
Willey Hull Willecamp
Caxias do Sul / RS
O gemido misterioso
Chico Mole já estava de pé-queimado quando resolveu voltar pra casa; era perto de meia-noite. Mandou Juca pendurar a conta, deu um “té-manhã” pros outros pinguços e saiu meio que cambaleando como de costume.
O cemitério ficava em frente à birosca; muro branco, tranquilo, poucos defuntos; Chico Mole passava por ali todos os dias, morava no final da rua. Só que naquele dia, ele ouviu um barulho meio estranho vindo de dentro do campo santo.
- Uuuunnnnnngggg.... ainggggghhhh...
O gemido não era tão alto assim, mas assustou o bebum. E de novo...
- Ummmmmggggg... Ummmmmggggg... Ummmmmggggg...
Chico Mole rapidinho acenou pros amigos lá da birosca avisando que havia algo estranho atrás do muro. Quatro dos cinco atenderam; atravessaram a rua, e se chegaram meio que desconfiados...
- Psiu! Fala baixo, gente!... acho que tem uma alma aí dentro... chorando...
-ALMA!!?? Tô fora! - Ameaçou Geraldinho, já tropeçando nas pernas. Tô é fora!!!
Zito lembrou:
- Mas o finado Dodô Cagão não foi enterrado justamente aqui? Bem aqui atrás, lembra?
- É... foi mermo!!!
Bastou. No terceiro bloco de gemidos que pareciam vir de mais perto, veio então o pedido fatal:
- Alguém tem papel aí???
Danou-se! . .. Foi macho correndo pra todo lado...
... E
tudo por causa de uma caganeirazinha de merda...
