Cláudio Toni de Freitas
Palmas / TO

 

 

Boneco de barro

 

Fui moldado em barro vermelho
Por mãos molhadas
De suor barato
No pequeno alpendre
De teto de palha
E parede de pau a pique

Fui exposto ao sol impiedoso
Inclemente e persistente
Na falta de forno melhor

Sequei por sete dias
Boneco insensível e caricato
Meio portinariano
Figura disforme
Esdrúxula, virei arte
Me puseram num oratório
Ao lado de Santo Antonio
Só usado pra pedido
De casamento e de chuva

Bem... pelo menos aqui
Me sinto um pouco importante
Ajudante de santo bonzinho
Sou parte viva do Pai do Céu

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos achados numa noite perdida" - Abril de 2019