Roberto Antonio Deitos
Cascavel / PR

 

 

Lápides tumulares dos poderosos

 

 

Há poderosos que sonham
Em vida lapidar seus túmulos
Com honrosos manuscritos lapidares:
“Fui grandioso estadista, ou presidente,
Ou político influente e endinheirado,
Rico afortunado e lacaio;
Muitas reformas e deformações promovi,
Multidões de gente trabalhadora assolei
E dos que sobreviveram depois de mim
Tornei-os mais miseráveis;
O que seria de mim
Se só fizesse poucas coisas e boas,
Não estariam aqui agora toda essa gente
Lembrando de mim com tanto fervor
Que beira o escárnio bestial!
Aqui jaz um lacaio poderoso,
Que acumulou graças ao infortúnio de muitos,
E de muitos se apropriou, explorou e fez desdém.
Agora, aqui em sua segunda paz..., imagina esses
Muitos miseráveis rodeando seu túmulo, desafortunados
Não podem rir de mim, apenas rangem os dentes
Desesperados, pois não percebiam que eram muitos,
Enquanto poucos eram assim como eu,
Um poderoso lacaio e medíocre que tinha
Muito medo de todos eles,
Pois eles eram muitos, mas parece que não sabiam...
É... vocês são pobres mortais mesmo...
E continuaremos dormindo em paz... (?).”

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Brasileiros" - Fevereiro de 2018