José Everaldo de Araújo
São Paulo / SP

 

 

Velha árvore

 

Velha árvore desfolhada
que tantos rebentos já deu,
vive agora desprezada
Por quem seus frutos comeu.
Agora já velha e esquecida
sem forças pra sobreviver,
com sua copa despida
tenta no chão se manter.
Antes, tão bela e frondosa
com folhas verdes e macias,
da fazenda a mais formosa
entre o tempo, tu crescias.
Com tuas folhas desenhadas
pela arquiteta natureza
eram pelo vento embaladas
e agora só resta a tristeza.
O vento vadiava em tuas folhas
que saltitavam de alegria,
hoje! Sem ter mais escolhas,
quanta amargura em teu dia.
Com tuas folhas ao chão
sopradas pelo vento do norte,
padeces com tua emoção
em um sentimento de morte.
Nem os pássaros te querem mais
por sentirem-se desprotegidos,
não te acham mais eficaz
pra escondê-los dos perigos.
Adeus! Velha árvore tristonha,
não te tortures mais assim,
e não sintas jamais vergonha
por estares chegando ao fim.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Cinzas" - Janeiro de 2018