Cláudio Antonio Mendes
Mutum / MG

 

 

A garota nº10

 

A garota morreu de acidente
Mal posso acreditar
Que ouvi a voz dela
Ecoando pelos corredores da tarde

O pátio da escola está mais triste
E perdeu um dos últimos fragmentos
Que nos faziam acreditar na ingenuidade

Os sonhos se capotam a qualquer velocidade
E se quebram sobre qualquer pavimentação
Seja Glace Kelly, seja Hellen Glayce
As princesas precisam se tornar eternas

As salas de aula transpiram lições de vida
Que vão além de revisões ou questões de exames
Por isso a noite chorou copiosamente
Por não ter mais o brilho de suas estrelas
Refletido nos sorrisos de um coração tão grande
E tão sem espaço para guardar rancores

Eu sei que a vida segue
Mas sem Hellen Glayce
As curvas serão sempre mais sinuosas
Perante nossas mãos trêmulas
Na hora da chamada

 

(Dedicado a Hellen Glayce, aluna nº 10 da turma 3º E na E.E. Dionysio Costa, vítima de capotamento de carro em 12.11.2017)

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Cinzas" - Janeiro de 2018