Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

Cinzas ao vento 

 

Nada é tão forte quanto
Beijo que não foi molhado
Amor mal acabado
 Aborto na sala distante
Uma estrada sem caminhante
Vento que arrepia os cílios
Mãe que não ama os filhos
Olhar perdido na sombra do luar
Uma luz queimada na estrela
Um abraço que não sabe abraçar
Lembrança apagada ao relento
Uma saudade enterrada na cama
Uma pessoa que não reclama
Sonho sem recheio doce
Amor sobrando, pouco que fosse
Santo sem oração
Irmã sem irmão
Um rio que não corre
Uma árvore que morre
Um nadinha de nada da vida
Pendurado no trinco da porta de saída
Gente que vive a espera do tempo
Cinzas ao vento 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Cinzas" - Janeiro de 2018