Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

O grito não se calou 

 

De longe veio a voz...
E as mãos  de traços  precisos  a esculpir o encontro.
Os olhos  de fotógrafo que  espreitam,  E falam a linguagem  primitiva  como a desprender  cheiro  e sabor.
Difundindo, originalizando e capturando  encanto...
Na beleza dos traços marcantes das obras  do pintor.

É  do artista  a natureza.
Só dele a maestria.
E mais primorosa fica a  matéria prima  em suas mãos.
A esbanjar  na  arte a virtude  de  criticar  o erro de quem não  aprende a respeitar a natureza.
E os olhos  das lentes do fotografo que registram  traços  tão  precisos na luta  contra a devastação.

Frans Krajcberg doou-se às florestas brasileiras...
Esculpindo, gravando, pintando, fotografando.
No abstrato da natureza que se reconstrói fica  gravado o  artesão.
Na parte morta que se fez arte .
Está  a  vida  de suas mãos.

A consciência  a lutar  contra  a indiferença. .
E o grito a ressoar que ainda  existem  muitos  motivos para  gritar em nome da natureza.
Com seu poderoso  trabalho  de ativismo, então,
deu-se em arte  transformada .
E fez  ouvir- se a dor da floresta  devastada.

E seu grito diz "quero que  minhas obras sejam
um reflexo  das queimadas".
E da beleza da natureza  o artista  se fez  divino,
Frans krajcberg, arte  que foi  seu  escudo  protetor
"Vermelho e preto, fogo  e morte"
O seu  berro  libertador .

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Cinzas" - Janeiro de 2018