Wagner Gomes
Caçu / GO
Lágrimas do cerrado
Não chores tu cerrado meu
por aqueles sabiás que morreram
a cantar em teus campos planos.
Pois antes que morressem,
cada um deles ecoou seu canto
por entre as relvas floridas de tuas planícies.
Deixando em ti gravadas doces melodias,
e de ti relatadas belas histórias e poesias.
Vários de teus tão valiosos sabiás,
de tão belos e graciosos contos escritos,
de tão ilustres e formosos cantares e dizeres,
levaram para além de tuas fronteiras,
as tuas flores, teus arbustos e tuas belezas.
Levaram para além do delinear de teus mapas,
tuas aves em poesias e tuas histórias em contos.
Deixando em nós o orgulho lindo
de sermos parte de ti, meu cerrado do Centro-Oeste.
E mesmo tendo tu ainda muitos sabiás-laranjeira,
já não gorjeiam mais dentro de tuas fronteiras
sabiás ilustres como Cora Coralina e Manoel de Barros.
Estes, que tão sabiamente romperam com seus escritos,
as tuas longas e sinuosas fronteiras,
deixando com suas obras e suas sabedorias,
belos encantos gravados em suas poesias.
Tão belos quanto o gorjear suave do sabiá-laranjeira,
nas belas manhãs chuvosas de teus encantos,
meu cerrado do Centro-Oeste.
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