Otaviano Maciel de Alencar Filho
Fortaleza / CE

 

 

A partida de futebol




A disputa final do campeonato estadual de futebol foi decidida entre dois times cuja rivalidade, no âmbito futebolístico, acontece há muitos anos.
Os torcedores das agremiações esportivas que se enfrentaram no estádio faziam imensa algazarra, cada qual gritando e incentivando seu time, enquanto os atletas no campo travavam uma disputa intensa pelo domínio da bola. O juiz corria o campo de um lado para o outro atento às possíveis faltas cometidas.
O sol escaldante da tarde de domingo não dava trégua e exigia, dessa forma, o melhor da condição física dos jogadores, conquanto já se encontrassem bastante debilitados devido à intensa maratona de jogos que vinham participando há vários meses.
O placar do jogo, após vinte e três minutos de iniciado, sofreu alteração com um gol feito pelo artilheiro de uma das equipes, que após driblar o meia-direita passando pelo zagueiro chutou, mesmo sem ângulo, em direção ao gol do adversário, logrando êxito. Imediatamente saiu em eufórica comemoração pelas laterais do campo, despertando a fúria dos torcedores adversários e exaltando ainda mais os gritos de alegria e de satisfação dos torcedores de seu time.
O jogo foi reiniciado com a bola ao centro e começou tudo novamente! Bola ia, bola vinha e o juiz correndo para lá e para cá, quando marcou uma infração cometida pelo lateral direito do time que estava à frente no placar, bem próximo a sua grande área, aos quarenta e quatro minutos. A torcida do time infrator não gostou e da arquibancada proferiu gritos e palavrões em direção ao árbitro que, se escutou, fingiu não ter ouvido e não se deixou abalar emocionalmente. A falta cometida foi imediatamente cobrada e com um tiro certeiro foi convertida em gol pelo centro avante da equipe que estava em desvantagem, empatando o jogo e deixando o placar igual. O juiz, após o reinicio da partida, apitou o final do primeiro tempo com ambas torcidas em gritos eufóricos.
Passado o intervalo o jogo recomeçou com algumas alterações de jogadores em ambas as equipes, alterações feitas pelos respectivos técnicos na intenção de dar um melhor ritmo ao jogo e assim conquistarem um resultado positivo para suas equipes. Já em campo, novamente, os jogadores começaram a se posicionarem e a tocarem a bola, fazendo com que a alucinada torcida vibrasse em ritmo frenético.
Os minutos escoaram rapidamente e não se viu uma jogada que indicasse a superioridade de um time sobre o outro. Os técnicos de ambas as equipes resolveram, então, fazer algumas substituições, na tentativa de conseguir “balançar a rede” do adversário e verem suas equipes saírem vencedoras desse disputadíssimo campeonato.
Aos trinta e nove minutos o ataque de um dos times chega a grande área do adversário e o atacante é empurrado pelo zagueiro, sofrendo uma falta que imediatamente é convertida em penalidade máxima pelo juiz, que estava “em cima do lance”.
Gritos de “juiz ladrão” e outros impropérios foram lançados novamente de arquibancada abaixo em direção ao árbitro que, tomando a bola em mãos, dirigiu-se ao ponto de cobrança do pênalti, aguardando a decisão de quem iria cobrá-lo.
O goleiro da equipe ganhadora do pênalti apresentou-se para a cobrança enquanto o outro goleiro ia de um lado para o outro das traves de seu gol, buscando uma melhor posição, quando o juiz, então, apitou indicando a cobrança da falta.
- Goooool! – Gritou parte da galera que estava no estádio.
O jogo é imediatamente recomeçado, mas logo após seis minutos o árbitro apitou dando por encerrada a partida, ficando o placar em dois a um, com a equipe vencedora sendo ovacionada pelos seus torcedores.
A taça de campeão foi levada ao centro do gramado e a solenidade de entrega foi realizada sob aplausos de uns e protestos de outros que, inconformados com o resultado, acusavam a arbitragem de ser partidária.
Aos poucos o estádio foi ficando vazio, com as pessoas indo para suas casas, tendo sido encerrado mais um grande espetáculo desportivo.

 

 

 


 




Conto publicado no livro "Aquele abraço" - Contos selecionados
Edição Especial - Outubro de 2020

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