Helena Maria S. Matos Ferreira
Guapimirim / RJ

 

 

Delírio

 

 

Você, passageiro do trem de outrora,
Visitante ou andarilho também,
Imagine da Ferrovia os anos de glória.
Quantas lembranças, querida Estação de trem!
Guapimirim: parada obrigatória.
No delírio de um velho sonhador,
Abrem-se as cortinas das janelas de um vagão.
Jovens, senhoras, com suas luvas rendadas,
Senhores distintos, de terno, chapéu e gravata.
Na plataforma, uma grande e alegre agitação.
Bananeiros, doceiros, vozes em forma de canção.
E a bela mocinha guapiense, de sorriso sedutor,
Aguarda um cavalheiro, o seu grande amor.
Ouçam! O apito da imponente Maria Fumaça
Avisa que será dada a partida.
A viagem prosseguirá em direção à serra.
Força! Mais carvão! É a sua alimentação.
Novamente o apito! Parece uma advertência.
O maquinista respeitoso faz o sinal da cruz,
E mesmo ao meio-dia acende o farol de luz.
Soa, retine, o sino da Estação.
E naquele delírio surge uma estrada
Desenrolada que nem uma fita. Magnífica!
Não é sonho, porém. É real! Materializada.
Nenhuma criança corre mais pelas cremalheiras.
O trem não passa mais pela ponte da Barreira.
Pra onde foi toda aquela magia? Tanta beleza?

(Primeiro lugar no concurso “Canta e Fotografa Tua Terra”)

 

 

 

 




Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 198
Setembro de 2021

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
Anote camarabrasileira.com.br/apol198-010.html e recomende aos amigos