Aliomar Costa
São Paulo / SP

 

 

Lustrando seu coração

 

 

Quase fui seu empregado,
Seu  amor era sua vassoura no quarto,
Vivi o pesadelo acordado, não remunerado,
A vitrine era seu lindo corpo espelhado

Depois de tanta limpeza,
Ficou esquecida a sua  paixão,
Era sabão e lata de cera,
Pra lustrar seu coração

Acho que faltou experiência,
Em você querer me amar, só mandar,
A enceradeira era sem paciência,
Seu rodo sem afeto não queria mais beijar

Mas um dia a sujeira foi pro beleleu,
Pedi e jurei lhe arrumar um outro serviçal,
Dei adeus pro nosso susposto a amo meu céu,
E nosso pano de ilusão pendurei no seu varal

O amor e o desamor não se pode misturar,
No meio de tantas cobranças sem cartão,
Pedi a conta pra nunca mais voltar,
Melhor desempregado que a chibata em suas mãos.

 

 

 

 




Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 202
Janeiro de 2022

Visitei a Antologia on line da CBJE e estou recomendando a você.
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