Luiz Eduardo Martins de Oliveira
Rio de Janeiro / RJ
Meu sertão
Caminhando a esmo sobre a gleba santa
Com os pés rachados como sói no agreste
Rogando à chuva com a voz que me deste
Não abrando a seca de minha garganta.
E dói minha voz quanto mais canto à vida
Conformando a dor deste chão de espinho
Lavrando a terra e consumando o vinho
De meu sangue, em sede, com esta mão dorida.
Debulho o quê, meu Deus, neste chão mirrado
Sem lenho verde, do povo farto de viver ilusão
De fome e sede, humilhado, assim, meu irmão?
Não debulho mais que um choro à sepultura
Um boi sem força... tanta dor e ninguém cura
Mais que o destino, cruel é fazer o povo de gado.