Neri França Fornari Bocchese
Pato Branco / PR

 

 

 

Uma carta para minha mãe


                     

Ser mãe não é uma tarefa fácil. Há muita glória, porém grandes desafios, também estão em jogo. Ainda é uma labuta para toda a vida.
Ao mesmo tempo há, também muito despreparo. Há mulheres que se tornam mães e há mulheres que apenas são parideiras.
Assim mesmo, a vida agradece também as simplesmente parideiras, graças a elas, a humanidade foi sendo formada e o planeta foi povoado.
Mas a prole, nem sempre é a que é beneficiada. Mais um filho. . . mais obrigações. Mais trabalho. E, quanto trabalho.
A maioria das mães se tornam aconchegantes. Sabem distribuir carinho. Fazer a comidinha que o rebento gosta. Enquanto outras cozinham apenas por obrigação. E, ainda dizem:
- Já fiz o almoço, se dê por satisfeito.
Muitas mães gostariam que o crescimento do seu pimpolho, não fosse tão acelerado. Assim o filho querido, ficaria mais tempo no seu regaço. Outras, no entanto chegam a blasfemar:
- Porque você não cresce de uma vez e me deixa em Paz?
Quanta criança, sente inveja da mãe do amiguinho que sabe ser carinhosa. Que sabe proteger o seu menininho, sabe afagar a sua guriazinha. Sabe esperar, a criança, que volta da escola e lhe faz um lanchinho, sem reclamar. Sem dizer:
- Não quero sujar a cozinha. Coma esse pão que tem aí. E, cale aboca
Quanta mãe, que larga o seu serviço e senta-se para dar um colinho a criança que está choramingado. Outras, mandam com autoridade, que ela cale a boca.
Mãe não é quem apenas dá a Luz, mãe é muito mais, é a mulher que cria, que educa a criança e sabe fazer agrado, com satisfação. Muitas vezes é aquela que até tem prazer, em acarinhar o filho de outra mulher.
Ser mãe, é ser uma pessoa Sublime, é ser uma criatura que distribui, calor humano. É ser aquela que torna a vida, Cheia de Graça!
Mãe de verdade, é um Anjo, um ser quase Divino. O próprio Deus, escolheu uma mulher para ser, a mãe do seu Filho.
E, do Sim, dessa menina–moça, a humanidade tomou um novo rumo, passou a ter num novo sentido
A mulher que cozinha, lava e passa, arruma a casa, com carinho, cuida da roupa das crianças que chegaram em casa, todas molhadas e embarradas, porque brincaram na chuva, pisando nas poças de Barro. Faz isso sem gritaria, sem ameaças é a MÃE verdadeira.
Que entende a alma infantil. Brincar na chuva, pisar no barro é uma volta às origens. É sentir na essência, a Criação. O homem feito do Barro, surgido da Terra.
Ela, então é a mulher que consegue ser a Criatura idealizada pelo Criador. Ser a companheira do Homem e junto com ele, estando lado a lado, para povoarem o Planeta Azul, com seres felizes.
Ser mãe é ser edificante. É ser capaz de acariciar a cabeça mesmo que suja de terra e limpar o narizinho escorrendo, com toda a delicadeza.
Ser mãe é estar morrendo de dor, mas mesmo assim ficar ao lado do filho e ensinar a ele, as contas de Matemática, que são o tema de aula, do dia seguinte.
A mãe carinhosa, não fica predizendo: deixe o bebê no carrinho. Se não ele acostuma no colo e, depois não dá mais trégua. Só quer estar nos braços da gente.
Muitos lembram da sua mãe com saudade e até a chamam de: mãezinha.
Outros, no entanto, lembram muito mais das varadas e das palmadas recebidas. Muitas vezes indevidas. Apanhavam simplesmente para que a mãe demonstrasse sua autoridade, que na realidade era puro autoritarismo.
- Sua tua mãe, me obedeça. Assim diziam,
Existem muitas mães, umas são mais mães e outras nem tanto.
Cumprem apenas um papel já estabelecido, desde sempre, pela humanidade.

 




 




Conto publicado no livro: "Contos Selecionados"- Edição 2022
Maio de 2022

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