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Plínio Marcos
"O bendito maldito"

Autor maldito de assuntos malditos como homossexualismo, marginalidade, prostituição e violência, Plínio Marcos foi um dos primeiros a retratar a vida dos submundos de São Paulo. Nunca cedeu. Impôs, sempre, sua verve sem hipocrisias. Direta, forte e sem arestas. Era, segundo ele mesmo afirmava, "figurinha difícil". Foi, entre as coisas que dele se sabe, dramaturgo, ator, jornalista, tarólogo, camelô de seus próprios livros, jogador de futebol e palhaço.
Nasceu em Santos-SP a 29 de setembro de 1935 e morreu em São Paulo-SP a 19 de novembro de 1999. Depois de tentar tornar-se jogador de futebol e de trabalhar como palhaço de circo por cinco anos, escreveu, aos 22 anos, sua primeira peça, "Barrela", a qual chegou às mãos de Patrícia Galvão (Pagu), que ficou entusiasmada ao lê-la. A partir daí e com a ajuda de Pagu, Plínio integrou o elenco de companhias amadoras de teatro. Depois, transferiu-se para São Paulo, no início da década de 60, onde participou da criação do Centro Popular de Cultura da UNE (União Nacional dos Estudantes). Na década de 60, Plínio participou, também, da novela "Beto Rockfeller", na TV Tupi, de 4 de novembro de 1968 a 30 de novembro de 1969, fazendo o papel de Vitório, melhor amigo de Beto Rockfeller (Luiz Gustavo) - personagem principal da novela. Em entrevista concedida à Folha, em 1993, Plínio afirmou: "nunca gostei de trabalhar. Só fiz 'Beto Rockfeller' para não ficar órfão ("ficar órfão" significava cair nas garras dos militares). Quando me ofereceram o papel, pensei: se aceitá-lo, ganharei evidência. E, enquanto estiver em evidência, os milicos não me pegarão." Aliás, a ligação de Plínio com a TV brasileira nunca foi das melhores, em 1994, ao responder à pergunta "Qual foi o 1º programa que você viu na TV?", feita para uma enquete do caderno TV Folha, da Folha de S.Paulo, ele respondeu: "Nada. Nunca vi TV". Na mesma época da novela Beto Rockfeller, Plínio era uma pedra no sapato dos militares que governavam o país. Ele o viam como um "inimigo do sistema". Seu crime? As peças "Dois Perdidos numa Noite Suja" e "Navalha na Carne", escritas entre 1966 e 1967. Para os militares, peças que traziam um mundo sem meias palavras, direto e convincente, que davam tratamento dramático à realidade de prostitutas, gigolôs e bandidos, poderiam servir à subversão. Sob o governo militar, "Barrela" também foi proibida, e, em 1970, "Abajur Lilás" foi censurada. (As duas obras só seriam liberadas em 1980.) Com todas as suas peças proibidas pelo regime militar, Plínio quase desistiu da carreira de dramaturgo. Na década de 80, quando o regime militar terminou e suas peças foram liberadas, Plínio novamente surpreendeu. Escreveu as peças "Jesus Homem" e "Madame Blavatsky" nas quais mostra um seu lado mais espiritualista. Em 1985, ganhou os prêmios Molière e Mambembe pela peça "Madame Blavatsky". Entre suas melhores obras estão: "Barrela" (1958), "Dois Perdidos Numa Noite Suja" (1966), "Navalha na Carne" (1967), "Quando as Máquinas Param" (1972), "Madame Blavatsky" (1985). Segundo o crítico e historiador de teatro, Décio de Almeida Prado, "Plínio tinha uma experiência humana ligada às classes pobres e levou esse mundo para o teatro, até então em grande medida desconhecido. O teatro dele não era exatamente político, de pobres contra ricos, mas trazia uma experiência amarga dos pobres, e isso representou uma grande novidade. 'Navalha na Carne' é uma peça com muita força, com três excluídos que sofrem e nos fazem sofrer".

Texto de Renato Roschel


     


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