Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Eterna filosofia da libertação

 

O que pensais vós o que sois?
Nós vós os outros somos partes de um todo amarrado
Por correntes semânticas que se desprendem de seu equilíbrio primitivo
Perdendo de si parte essencial de sua construção humana.
O que pensais uns dos outros neste grande mundo
De cruzamentos de sons, letras e palavras?
Nós vós os outros continuamos na estrada
Determinada por insanos homens
E em conflito com os eles, somos constantemente surpreendidos
Por imagens que são deterioradas pelo absurdo desejo de capital desviado
Que poderia salvar vidas, construir hospitais, reformar escolas
Tirar das ruas da marginalização pobres que lá se encontram...

Nós e eles... Um abismo profundo, sem fronteira, sem dianteira
Apenas uma abismal longitude que separa o bem do mal.
Nós: harmonia separada da zona de perigo que ameaça a civilização da razão
Eles: habitável lugar de perigo constante, um mal que precisa ser vencido...
E só há um caminho a ser percorrido para que a justiça deixe de ser cega:
Ouvir a poesia que não habita no silêncio destruidor de valores
Ouvir a poesia que habita nas margens, nas dores de um povo a sofrer
Ouvir a poesia que habita nas ruas abandonadas pelo sistema que os pariu
Ouvir a poesia que habita nos sonhos devorados pela insanidade do poder
Ouvir a poesia que habita todas as possíveis estradas do bem-querer
Poesia que carrega dentro de si “a eterna filosofia da libertação”:
A invencível e implacável alteridade.

(Ao inesquecível Josué Brandão)

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Nós & Eles" - Volume 2 - Novembro de 2017