Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA
A vida da gente
Por onde quer que andares, andarás devagarinho
Porque toda vida caminha em par, sem agonia, sem fantasia
Ameaçado constantemente por um antes e um depois
Porque se algo é certo nesta vida de tamanha luta e agonia
É a presença da companheira de todas as artes
A abraçar quem ela deseja abraçar
Mas se por uns instantes perceberes que ela está a aproximar-se de ti
Depressa põe-te a cantar que a morte não abraça
Àqueles que cantam o “Cântico do desencanto”…
Por onde quer que andares, andarás sozinho
Porque quando se morre, não se morre acompanhado
Pois a morte é solteira e namora apenas
Que caminham por estradas errantes, desérticas…
Por onde quer que andares, andarás por andanças
Que exigem mudanças de quem quer sua vida tragar
E quando ela estiver bem por perto, procure poupar sua respiração
Para afugentá-la num só gemido sem suspiro ou dor
E depressa ela fugirá de ti e procurará outros caminhos…
Mas não se engane! Porque um dia, quando estiveres bem distraído
Ela aparecerá como uma boa amiga
Vinda de bem longe, a passear pelo errante mundo de mundos…
Para dar aquele abraço divino que só ela consegue dar,
E neste dia perceberás que foi num de repente tão de repente
Que a vida da gente deixa de ser
A vida da gente!
(Homenagem ao médico Laurindo L. da Silva Neto)
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