Rozelene Furtado de Lima
Teresópolis / RJ

 

 

A solidão de ser mulher

 

Princesa solitária desde pequena
Quebra o silêncio da boneca serena
Como interlocutora silenciosa
Obedece calada a alma preciosa
Menina boneca de rostinho sorridente
Retrato de bonequinha feliz e contente
Bonecas que se misturam com o futuro
Ingênua pequena tem medo do escuro
Treinada para a maternidade
Sobrecarregada de responsabilidade
De louça, palha, borracha ou pano
Querer dominá-las é ledo engano
De pele, sangue, ventre e coração
Doam vida e amor e vivem de ilusão
Face pintada pelo próprio universo
De nomes, raças e modelos diversos
Conversa ventríloqua de boneca sonora
Abraçadas uma a outra dormem outrora
Em campo marcado enfrenta batalha
Sempre boneca até ficar grisalha
Preparada guerreira em tudo que faz
Vive para o amor em busca da paz
Menina mulher sozinha segue a vida
Pobre boneca ficou esquecida!

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 148 - Maio de 2017