Abraão Leite Sampaio
Governador Valadares / MG

 

 

Euclides da Cunha

Autor do clássico, que narra o esmagamento de um povo humilde e religioso.

De republicano apaixonado
A crítico ferrenho... “ao seu exercito amado”
Que há pouco havia banido...
A monarquia que o escritor não queria

Este passo atrás... foi dado
Quando pisou no sertão nordestino
Ao ver e sentir com espanto...
A miserabilidade naquele “canto”

E que era falsa a exacerbada violência no povoado
Onde vivia aquele sofrido povo...
Que pela nação foi abandonado

Como de costume entrou em profunda meditação
Angustia e tristeza... abstratos evocados pelo que viu
Trouxeram-lhe uma profunda desilusão com as “fileiras onde serviu”
Na qual denotou fibra de herói...
Ao se opor a monarquia com um ato de franca rebeldia

O protesto do soldado sublevado
“Cobriu com um manto silenciador” o quartel onde servia    
Quando em momento de fúria...
Lançou sua espada aos pés de quem fazia a revista
Os pés em marcha... eram do ministro da Guerra
Um ferrenho monarquista

Sua grandiosa obra “começou a se enraizar”
Quando se assegurou que “Sertão e Litoral”
Davam liberdade para grafar a nação no plural
Eram dois Brasis

Um... desbravando o caminho prometido
Pela “recém nascida... Republica”
Que vislumbrava avanço social e proeminente riqueza
Outro... “em pleno mergulho” no atraso e na pobreza

Esta imensa e intransponível desigualdade
Provocou o maior conflito civil de nossa sociedade
Onde os Generais ordenaram a decapitação
De prisioneiros maniatados... e visivelmente debilitados

Um genocídio praticado...
Em nome da honra de um exercito que foi humilhado
Por uma autoridade religiosa exemplar...
Que organizou uma comunidade, pregando o amor divino
Evidenciando atos de extrema solidariedade

Nas três semanas que ali ficou
O escritor detalhou tudo o que viu
E nas páginas de “Os sertões”... gravou
O retrato melancólico de uma nação chamada “Brasil”.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 157 - Fevereiro de 2018