Célio Dubanko
Maceió / AL

 

 

Saudade

 

Saudade de um tempo descalço, vadio
Do banho de rio, da pipa no ar
Do cheiro molhado da terra no cio
Do carro de bois e seu triste cantar

Saudade morena, formosa e faceira
Da doce maneira da gente se amar
Eu era o herói da espada de madeira
E você, a princesa que eu tinha que salvar

A gente cresce e vai embora
Inventa um mundo a conquistar
Os anos pesam na sacola
Os sonhos cansam de esperar

Na solidão que me devora
Em noites órfãs do luar
Saudade chega, deita e rola
Me toma, me pega, me leva pra brincar

Roda pião
Na palma da mão, brincadeira
Que a vida é canção passageira
Balé de balão pelo ar

Roda, ilusão
Com meu coração, noite a dentro
No reino encantado de um tempo
Que o tempo passou pra roubar

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - vol. 157 - Fevereiro de 2018