Romilton Batista de Oliveira
Itabuna / BA

 

 

Rastros

Resíduos de fragmentos poéticos

Pensar é uma atitude que cria caminhos plurais...
É ver o invisível que visivelmente nos toca...
É tirar de si uma ideia que possa estar em comunhão com a sabedoria
Do conhecimento coletivamente compartilhado...
Pensar exige esforço que, só com o tempo, a leitura nos dirá...
Pensar conduz-nos ao difícil trabalho da razão construtiva
Habilita-nos com potentes armas doadas pelo imaginário simbólico,
Forjado por complexas estruturas que operam em nosso intelecto campo
De reprodução do saber: fonte inesgotável da potente ciência chamada
Conscientização...
As palavras têm portas e janelas...
Significados liberais e significantes potenciais… 
Sobrevivem de traços e formas, sons e ruídos...
As palavras, quando ditas, anunciam-se discursivamente...
Mas nunca se apresentam por completo
Pois nelas residem o insaciável inconsciente socializador
Oriundo de seu deslizante criador visivelmente indizível
Nelas segredos habitam, e só com o tempo
Poderão continuar vivendo como potentes vozes
Ou poderão desaparecer, caso não sejam alimentadas ininterruptamente
Por suas redes de comunicação intersemióticas… 
Ou, ainda, poderão ser transformadas em novos signos errantes
Revestidos por novos sentidos que lhe chegam de algum
Resistente rastro-resíduo semântico-discursivo
Coberto por um traço que, a todo signo sobrevivente,
Renasce das cinzas...
Das cinzas que sobraram da longa batalha interdiscursiva
Travada na arena da palavra…
Feitas por uma memória sobrevivente

 


 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 160 - Maio de 2018