Núbia Cavalcanti dos Santos
Sanharó / PE

 

 

Cor da pele x preconceito

 

Cento e trinta anos já se passaram
Desde o dia em que a Princesa Isabel
Com mãos suaves e firmes
Assinou a tão almejada Lei Áurea
Libertando os escravos brasileiros
Que viviam em condições desumanas
Acorrentados em troncos de árvores
E chicoteados a mando dos seus senhores
Sem a menor piedade.

Dos seus corpos nus e mutilados
Pelas chicoteadas incessantes
Como punição ou castigo
De algo muitas vezes irrelevante
Jorrava o sangue vermelho
Contrastando com a cor da pele escura
De um ser humano indefeso
Que vivia tão somente para servir seu dono
Em troca das migalhas que lhe dava
Para diminuir sua fome.

E hoje, passados todos esses anos
Ainda se carrega na cor da pele
A herança maldita da escravidão
E o preconceito velado e incoerente
De alguns que se acham superiores
E ainda subjugam os afrodescendentes
Como se não fossemos todos iguais
E carregássemos em nossas veias
O mesmo sangue vermelho.

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 162 - Julho de 2018