Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS

 

 

Aprendizado

 

Sentada sob a frondosa figueira centenária
a anciã deixa-se abraçar por seus fortes galhos
que acolhem sua trajetória com a generosidade
que só quem viveu muito é capaz de oferecer com gratuidade.

Não se questiona sobre o que viveu, nem como.
Não tem mágoa, nem rancor pelas adversidades.
Aprendeu que nada é para sempre
E em um instante pode estar contida a eternidade.

Viveu a infância e a adolescência alicerçando o futuro.
Construiu uma base profissional sólida e exitosa.
Amou, construiu família, proveu a todos com amor e proteção.
Gratificada e plena entrou na maturidade .

Veio a tragédia, perdeu o filho mais novo no auge da juventude .
Desmoronou!  Sua raiz era forte. Estendeu os galhos.
Amparou os demais. Sustentou-os para não se aquebrantassem.
Veio outra provação. Perdeu o companheiro.

A vida não para. Segue seu curso inexorável.
As filhas formaram novas famílias.
Hoje, permanecem os galhos fortes e acolhedores, 
A gratidão pela vida e o amor pelos novos frutos.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 181 - Março de 2020