Maria Rita de Miranda
São Sebastião do Paraíso / MG

Em busca da felicidade

          Ivy foi minha companheira de profissão. Trabalhamos juntas durante vários anos numa escola pública. Ela sempre foi muito esforçada, fazendo uma jornada dupla de turnos para obter uma remuneração melhor, aumentando assim a renda familiar que era  precária.
          Ivy se apaixonou, pela primeira vez, por um rapaz bem simples. Ela já não era tão jovem e embarcou neste romance com total doação. Casaram-se numa cerimônia enfeitada com muitas flores, também com várias crianças que se alternavam entrando na Igreja, levando as alianças, rosas e lembrancinhas. Tudo conforme o figurino.
         Ivy, depois do casamento, não mediu esforços para encaminhar o esposo ao término dos estudos que eram bem básicos. Conseguiu que Vado chegasse até à faculdade, tornando-se professor. Exerceu por pouco tempo a profissão, preferindo retornar ao seu antigo ofício.
          Faltava alguma coisa para completar esta união: um filho. Depois de várias tentativas frustradas resolveram adotar uma menina: Lina.
          A rotina de Ivy nunca mais foi a mesma. A menina preencheu o lado vazio de sua vida, trouxe a almejada felicidade de ser mãe. Mas vieram também as preocupações, a doação total de seu pouco tempo livre, enfim o desdobramento para resolver problemas e tudo o mais a que Ivy não estava acostumada.
          Ela tentava a todo custo se adequar à situação. A menina crescia em meio à atenção e amor dos pais.
          Depois de alguns anos, Ivy percebeu em Lina, a quem nunca escondeu a adoção, um gênio complicado. As dificuldades dobraram. Ela não conseguia um meio de contornar a situação que se agravava cada vez mais com a pré- adolescência rebelde da filha.
          O fato afetou seu casamento. Vado também não demonstrava habilidade para educar a filha. Dava-lhe sempre razão, talvez por comodidade, entrando em atrito com a mãe que tentava mostrar que nem sempre a menina agia com retidão.
          O casamento ficou abalado. Talvez tivessem outros motivos que foram agravados com a falta de entrosamento na educação de Lina.
           Como acontece sempre nesta situação, o casal começou a passar por fases boas e outras muito ruins na vida a dois. Foram levando esta relação trincada por anos seguidos. Lina se achegou mais ao pai, pois percebeu de imediato que ele a protegia. Várias vezes se tornou o motivo de feias discussões que não terminavam com um acordo e sim com pequenas separações do casal, que se unia novamente quando a poeira baixava.
          Tantos desentendimentos, brigas, falhas na comunicação, acabou com o amor. A apatia da falta de amor deu fim ao casamento.
          Vado saiu de casa levando a filha que preferiu morar com ele.
          Ivy conta sua história e parece aliviada com o fim deste relacionamento. Está interessada por outro rapaz que, há algum tempo, vem lhe demonstrando muito afeto. Sorri e fala: - eu não quero mais o Vado e sim o outro. Arremata com uma pitadinha de melancolia: - a nossa missão nesta vida é mesmo a busca da felicidade.