Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

 

 

O Profeta

(AS FÉRIAS)

 

            Então, um trabalhador disse: “Fala-nos das Férias”.
            E ele (o Profeta)  respondeu dizendo:
            “Vós trabalhais o ano inteiro, num ritmo alucinante, para num mês apenas usufruir do direito de descansar.
            Pudessem as coisas o inverso serem, para poderdes apreciar as estações. E como flechas apontadas para o infinito, acompanhar o ritmo da Terra. Mas já que deveis trabalhar, para a satisfação de vossas necessidades, fazei disso um ato de fervor, que impulsiona todo o labor.
            E nas férias, afastai-vos do ambiente poluído pelas mentes ocupadas, cansadas…
            E sentado numa nuvem brilhante, apreciai as belezas dos horizontes, que se casam com as bordas das montanhas.
            Além, muito além do horizonte, o arco-íris é agarrado por aqueles que sonham alto…tão alto, mas tão alto, que sempre caem e o tombo é maior e enche de feridas a alma.
            Mas esses habitam a casa do Senhor. E são os Bem-Amados da casa do Senhor. E sabem que valeu a pena terem caído. Pois o que importa é a intenção de alcançar o inatingível. A grandeza deles está naquilo que almejam alcançar…
            Amor seria invisível sem o trabalho.
            E lembrai-vos sempre, que os anjos do além vos esperam, para convosco dançarem através dos espaços infindos que se escondem atrás da escuridão.

...

(Homenagem ao escritor libanês Gibran Khalil Gibran, autor de vários livros, sendo “O Profeta”, sua obra mais conhecida).

 

 
 
Poema publicado no livro "Livro de Ouro do Conto Brasileiro Contemporâneo" - Agosto de 2017