Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

 

Ecos da insônia

 

Mais uma noite de céu sem estrelas esconde a rua.
Por trás da velha árvore  do quintal  olho a lua.
E a noite escura  dorme seus segredos.

Abraço o tronco amigo,  mas tudo é sem sentido.
O desejo, apenas um lampejo ébrio, no frêmito do gemido.
E o vulto  que se esconde.
É a morte em silêncio de amor perdido.

Desassossego, e a esperança que  não  chega.
Olho  a noite  pelas frechas  da escuridão.
"Não há como soprar  palavras  que  toquem teus  ouvidos"
A vertigem  do ar calou o vento...
Resta apenas  noite ao coração."

E todas  as noites ao pé da velha  árvore.
A alma  a debater-se debruçada  às sombras.
E não é nem meia noite ainda.
Tanto amei e nada existe,
E essa noite  negra que não  finda.

A noite avança, uma estrela já  anuncia a madrugada.
Logo virá o dia, mais um que passo dentro  de mim
E a  angústia  escorre.
Enquanto lá fora  aquele  nasce.
Aqui dentro esse morre.

O céu infinito traz a noite negra, molhada já  de orvalho.
Monstros do inverno estrangulando, que agonia.
Sou  esse escuro, eco de insônia na  noite  fria.

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos Mágicos de Poetas Encantados" - Julho de 2018