Maria Ioneida de Lima Braga
Capanema / PA

 

O mundo que eu sonhei

 

Hoje fui à janela
Apenas para olhar
A lua estava tão convidativa
Que resolvi ficar

Foram aconchegando-se
Pedaços das manhãs, abraços dos fins do dia
Banhos de riacho, passos do caminho
Lições aprendidas e as ensinadas
Também os ventos contrários

A lua parecia uma bola gigante
E vi crianças brincando na lua
Fábricas, carros, prédios, fumaça de queimadas...
Tudo desapareceu de repente da face da terra
E a terra ficou verde, verdinha como um tapete de grama

Só os povos... todos!
Raça, credo, cor
Viviam de vender flor
Colhiam em lindos roseirais
Enquanto as crianças corriam entre plantações de capim.
De olhos fechados senti a lua bem pertinho de mim.

A lua cochichou-me ao ouvido.
“Vem morar aqui”
Não! Respondi... A Terra agora é outra.
Não tem mais nem rua...
Quando os olhos abri, foi que vi,
Tinha sido despejada.
Eu estava no mundo da lua.
E no olho da rua.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos nossos que vencem as Severinas" - Março de 2018