Sueli Dutra
Florianópolis / SC

 

 

Soneto do pescador

 

O nevoeiro desfaz a união entre o céu e o mar.
A linha infinita se esconde na névoa e mostra o barco a navegar.
O pescador joga sua rede.
Fica fácil pensar que o peixe seja seu adrede.

Mas no mar sereno, o pescador navega seus sonhos.
Não é o peixe que o cativa.
Não é o peixe que o atrai.
É sim, pretexto, em busca daquilo que o satisfaz.

As gotículas suspensas formam a nevoaça.
Os pensamentos povoam o coração.
E o barco, em contínuo, desbrava a cerração.

Não há sequer ponto, nem vislumbre.
Há o mistério da imensidão...
Navegando vai o pescador, na amplitude da solidão.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no Livro "100 Grandes poetas modernos" - Edição 2018 - Setembro de 2018