Fábio Ferraz
São Carlos / SP

 

 

A visita

 

        

Nada de tudo mudou quando chegamos
Na ampla casa da família dos Diniz:
Afazeres estavam a fazer;
Afazeres continuaram por fazer.

Só a Lua soberana, lá no alto,
Alheia ao Sol que espreitava ao longe,
Contente de embalar sonhos e sono
De insignes viventes nos notou.

Voltamos lá da deles e de elas
Quando o astro do dia mandava adeus
À tarde que sanguínea se esvaía
Envolta em papagaios tagarelas.

Era de mim a rejeição fatídica.
Saí silencioso e devagar
Pensando no que fiz, e não devia;
Buscando o que não fiz e que devia.

Alhures me ressente esta distância
De coisas que aprendi a admirar.
Só trago o coração, o ser repleto
De saudades que me fazem relembrar.

Torrão querido banha o nosso corpo!
Tu que és razão deste viver agradecido:
- Aqui a nossa vida é uma pérola;
- Daí nossa lembrança fonte de ouro.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "5º Anuário da Nova Poesia Brasileira" - Agosto de 2019