André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

Paraty, passado ao futuro


Paraty, para ti vem do passado
Dos séculos dourados erigido
Com particularidades ao sentido
Que hoje em novos tempos mergulhado...

Presente no cadinho escravizado
Da África nas ondas foi trazido
Na dor em mil porões desconhecido
Da indiferença para ser adorado...

Para ti, Paraty, guardei segredos
Como caminhos entre os arvoredos
Numa alameda cheia de poesias...

Ligando as Minas pela Estrada Real
Por muito tempo o porto Imperial
Numa viagem de sessenta dias...

De face colonial em áureos tempos
Já foi no litoral um mar de eventos
Levando nosso ouro para o mundo...

Mas pelos ventos mudos Paraty
Caíste no ostracismo sem ouvir
Tuas sereias nesse mar profundo...

Profetizavam-te futuro nobre
Nas tuas ruas largas, casarios
Fazendo apagar-te os céus sombrios
Do azul dourado sobre prata e cobre...

Agora cada olhar que te descobre
Pelo turismo tem mil desafios
Honrar-te o patrimônio com seus brios
Para levar teu ouro até os pobres...

(Extraído da última viagem a Paraty...)

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 164 - Setembro de 2018