Ada Pedreira da Silva
Salvador / BA

 

 

Crianças urbanas

 

Crianças aprisionadas
Em moradas verticais
Suas maiores companhias:
Comida e Tecnologias
Não conhecem os vizinhos
Para brincar só têm o play
Concreto sobre concreto
Precisam seus brinquedos levar
Então para isso antes tiveram
Que comprar e comprar...
No passado as ruas e esquinas
Já eram a própria diversão
Não precisavam comprar as brincadeiras
As brincadeiras estavam a mão
Os colegas tão sinceros
Amizades a criar e durar
Amigos para toda a vida
Com histórias para contar
Em um mundo de concreto
Sem contato com a natureza
E toda a sua beleza
Não possuem a ela afeto.
Sem espaço para brincar
Para correr e criar
As crianças crescem sem desenvolver
O amor a terra e aos animais
Crianças urbanas
Vivem presas a apartamentos e horários
Uma hora na pracinha como a hora do sol dos presidiários.

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 166 - Novembro de 2018