Isabel Cristina Silva Vargas
Pelotas / RS

 

 

Mar de lama

 

Lama escorre pela rua
Resultado da ganância
que só enxerga lucro
em detrimento do homem.

Trabalhadores homens
trabalhadoras mulheres
conseguiram a tão almejada
igualdade de remuneração.

Ambos receberam um mar de lama
que lhes roubou a vida em igualdade.
A enxurrada os cobriu de minério.
Homem,mulher,peão,engenheiro .

Em pé de igualdade ganharam
de forma sinistra sete palmos de terra
para terminar o serviço que começou 
em Mariana e hoje atingiu Brumadinho.

Enlameou as terras,poluiu o rio
plantou  dor e desolação nas gerais
Que vê seus filhos subjugados
pela prevalência do capital.

E a justiça será feita? 
Não é dinheiro não, que se quer
É o reconhecimento de uma perda
que não se apagará, jamais.

Chora o Brasil, o descaso da Vale
que cobriu o vale que era florido
E hoje sepulta seus filhos sem dó.

O sul chora pelos mortos na Kiss
Mariana sequer secou suas lágrimas
Brumadinho começa seu calvário.

 

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 171 - Maio de 2019