André Luiz de Oliveira Pinheiro
Rio de Janeiro / RJ

 

 

PO-E-SI-A


Po-e-si-a... Poesia, noutro dia...
Quem a viu nascer? Jamais a vi morrer
Quem a viu crescer? Não vi, não foi ninguém
Mas se alguém pariu a poesia?...

Ela não veio ao mundo, era antes
O "Big-bang"?... Dela foi um verso
Por isso escrevemos (Uni)verso...
Ela uniu os mundos mais distantes...
Descansa e cansa, cansa e descansa
Poesia é água dura em pedra mole
Jamais acolhe, ela é quem escolhe
E no poema nunca se alcança...

Po-e-si-a... Visão da escotilha
Era canção vampira da sereia
Pra naufragar o amor em uma ilha
Onde o poeta escreve-se na areia...

Caminho sem parada, sempre asas
A sua sombra sempre vaga... Lume?
Um sol que flamba as vidas sobre as casas
Ou lua que liberta um vaga-lume...
A poesia... Sempre chega e parte
E se reparte em parte com o todo
Que majestoso se disfarça em arte
E humildemente em lírio nasce ao lodo...

Po-e-si-a... O fim é o recomeço
Me anoiteço, e sonho... E acordada,
Rainha pelo céu da madrugada,
Conduz a vida enquanto eu amanheço...

E recomeça toda a minha busca
O que é nada a tudo comparar-se
Ao brilho dessa estrela que ofusca
O olhar, que em minhas lágrimas renasce...
... Pois, é aí que nasce a poesia...
E ao mesmo tempo morre sem que fale
Depois, renasce para quem porfia
Com as palavras antes que se cale...

 

 

 

 
 
Poema publicado na Antologia de Poetas Brasileiros - vol. 176 - Outubro de 2019