Francisco Martins Silva
Uruçuí / PI

 

 

Um rio e dois amores

                

              

Nas terras de florestas e matas cercadas pelas águas e cachoeiras do rio Una, na tribo dos tupinambás honrada pelo pajé Piatã vive Iberê, índio tupinambá filho de Jandi e Moara. Iberê é um índio movido por paixões diversas, desde o apego à pesca no rio, às caças na floresta, à confecção e uso de flechas, tacapes e cocás. Imitar o canto dos pássaros é seu maior talento, pois nas noites de festas, brincadeiras e descontração costuma fazer suas apresentações a todos que encantados por seu talento lhe aplaudem, mas, o sentimento que mais lhe habita o coração e a alma é o amor por Inaiê, a índia tupi-guarani da tribo vizinha na outra margem do Una.
Iberê quando pensa em Inaiê, logo se pinta e usa o seu mais belo cocá, exibe-se com as mais caprichadas e belas flechas, uma das artes que mais se ocupa em produzir, enquanto que a canoa e o remo são seus meios para chegar até a outra margem do rio para com Inaiê enamorar. Inaiê mergulha e nada como uma sereia, e ainda canta cânticos indígenas na sua língua tupi com a voz mais suave do que as outras índias de toda a tribo.
Iberê sabe que a união de seu amor com Inaiê só fará o bem, o bem pela união dos dois povos, unindo-os pela preservação das tradições de ambos e pela multiplicação das riquezas de suas tribos, mas, sobretudo, a continuação do amor e o fortalecimento dos seus laços familiares, a valorização e perpetuação de seus povos, costumes e culturas.

 

 

 

 

 
 
Publicado no Livro "É tão verdade que ninguém duvida..." - Edição 2019 - Junho de 2019